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18 de nov. de 2010

Os Dias Seguintes....

Os dias e as noites seguintes foram de muita intensidade, durante o dia corria atrás da parte burocrática e você dormia feito um anjo , e a noite acordava indo dormir somente na manhã seguinte, você trocou literalmente o dia pela noite filho.
Eu tinha urgência de voltar pra casa, queria o aconchego do meu lar, queria a segurança do homem que me amava, queria o cheiro da minha casa, minha cama, meus animais, meus amigos,  queria ver suas coisinhas que seu pai comprou e que não tinha visto nem por foto, segundo ele era uma surpresa, eu um pouco temerosa pois não confiava muito no gosto dele (risos).
Nessas alturas a ansiedade dominava a mim e ao seu pai,  tinha necessidade de falar com ele todas as horas, lhe tranqulizar, falar que nós dois estávamos bem, e que era questão de dias estariámos juntos e experimentando a felicidade plena, e ele tinha necessidade de ouvir o seu choro, ele ouvia mais o meu do que o seu, virei uma chorona. Eu me sentia muito cansada , afinal você não dormia um segundo sequer durante a noite, e no dia 09 de junho (exatos 10 dias que você nasceu) algo me marcou: Estava eu contigo no colo as 3hs da madrugada, você com os olhos bem abertos, e os meus teimando em fechar, acho que dei uma apagada não sei de quantos minutos contigo no colo, quando despertei você sorriu pra mim, foi uma emoção incrível , parece que o cansaço se foi como num passe de mágica (nunca vou me esquecer daquele momento).
Finalmente dia 16 de junho somos liberados pra vir pra nossa casa, para a cidade que seus pais moravam e que você iria viver, finalmente você iria conhecer seu pai, seu lar, seus animais e sua familia, a viagem ia ser difícil filho, pois a pediatra (psicóloga) disse que deveriámos vir de ônibus, que não é aconselhável recem-nascidos viajarem de avião.
E assim foi feito: 17 de junho, saímos as 15hs, eu você e uma moça para me ajudar na viagem e nos primeiros dias em casa contigo. A viagem não foi fácil filho,  porém você veio muito confortável em um cestinho de tecido bem macio que tinha quatro alças que eu amarrava na minha calça para que não tivesse o menor perigo de você cair, nesse ônibus vinha muita gente e todos se mobilizavam para ajudar, nunca vou me esquecer da solidariedade daquelas pessoas.
Viagem de 38 horas, finalmente em 19 de junho (justo dia 19 de junho) às 5hs da manhã chegamos em São Paulo, um frio de doer, só liguei pro seu pai quando estavámos quase chegando, afinal ele trabalhava a noite e precisava descansar, claro que ele não estava dormindo, estava eufórico demais. Esperamos exatos 15 minutos eternos até a chegada do seu pai, e aquele foi um momento supremos em nossas vidas. Seu pai beijando a imagem de Nossa Senhora Aparecida que ele trazia (e levou consigo) no pescoço, nos abraçamos muito apertado e choramos muito, tudo saiu da maneira que previámos, da maneira que mereciámos...
Eu  -  Beto, esse é o seu filho Santhiago.
Ele -  (chorando muito) Obrigada meu Deus, que lindo! apesar de ter o nariz meio chatinho né Sônia? (risos), vamos pra casa Sônia, eu tenho pressa...
E seguimos viagem pra casa, ele estava em transe, ria chorava, falava, era a materialização de um sonho (o nosso sonho) eu, com o coração aos pulos. Quando chegamos, encontramos alguns amigos nos esperando no portão de casa, eu parei por alguns minutos e ele subiu contigo sem falar uma palavra (ele queria se apresentar pra você, apresentar sua casa, ele tinha urgência em ficar a sós contigo, precisava te dizer que ele era seu pai).
Eu conheci a felicidade total e absoluta - nenhum ser-humano precisava mais do que nós tinhámos naquele momento - Agora sim, eu estava totalmente feliz, de volta a tudo que eu mais amava nesse mundo, trazendo a pessoa que faltava em nossas vidas, de volta a segurança do homem que me amava, e dessa vez, com a certeza que tinhámos absolutamente tudo, tudo, tudo...
Mais ou menos uma hora depois que seu pai estava a sós contigo eu entrei ,queria ver o que estava acontecendo entre vocês dois, eu também queria participar, nessas alturas eu já tinha visto os meus outros filhos de quatro patas, não sei se ele chorava filho, mas a imagem que eu registrei no momento da entrada foi essa...


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