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7 de nov. de 2010

Enfim juntos...

Esperei até que fossem feitos todos os procedimentos necessários em você após o nascimento, era chegada a hora de você ser meu (cuidei de ti desde o primeiro momento no hospital), te peguei no colo e ajoelhei ali mesmo no quarto do hospital agradecendo a Deus por tudo, você era lindo demais. Seu pai sempre teve um prototipo de beleza em criança: Ele adorava crianças de bocas grandes, e você tinha um bocão filho (aliás tem até hoje), era felicidade demais pra mim meu Deus.
Queria ir à Igreja, queria ligar pro seu pai, mas não queria te deixar filho, não me cansava de te olhar, te admirar e de agradecer a Deus, a Norma, e principalmente a Edna.
Fiquei uma hora com seu pai ao telefone, não falamos uma palavra, era só silêncio e lágrimas, fui a Igreja e lá rezei, chorei, eu já te amava tanto...
Dois dias depois chegou a hora de nós dois irmos pra casa do tio, lá estava tudo preparado pra te receber, porém um fato me fez entrar em pânico: Você nasceu em outra cidade, mais ou menos uns 20km da cidade que seu tio mora, estava marcado pra eu ir te pegar as 10hs da manhã (evidente que nessa altura eu já tinha autorização pra te levar). saimos com tempo suficiente pra chegarmos lá no horário, mas o carro quebrou no caminho, eu fiquei apavorada, senti um medo terrível. Quando chegamos lá Edna já tinha tido alta, de tanto esperar e sem saber exatamente o que fazer te levou pra casa dela, eu senti o chão abrir, - pensei - "e agora meu Deus?ela ainda pode desistir, vai ficar sozinha com ele, meu Deus me ajuda"...
Voamos pra casa dela, eu já entrei chorando (eu me sentia a pior das criaturas, dividida entre o amor que eu sentia por ela, eu me sentia arrancando o coração dela , coisa louca filho), quando chegamos ela estava de pé na porta e disse: "Você tá chorando por que? Calma, seu filhinho tá inteirinho, deitadinho, limpinho te esperando".
Eu a abracei muito forte, choramos juntas, falei do amor que eu sentia por ela, e prometi (sem que ela me cobrasse nada), que você saberia toda a história de sua vida, e se alguém dia ela quizesse conhecê-lo as portas de nossa casa estariam abertas (dessa parte seu pai não gostava, talvéz por não ter conhecido aquela menininha que tão jovem me dava um lição de vida), tirei fotos suas com todos de sua família, sai sem olhar pra tráz e fomos embora.
Eu estava tão  feliz, pela primeira vez seu pai ouviu você chorar e claro que chorou junto, mas eu era um misto de sentimentos e emoções contraditórias, eu gostava demais daquela moça que me deu o maior presente de minha vida, tinha medo que ela sofresse, nessas alturas o Assistente Social já tinha me dado um ultimato: "corta os laços afetivos entre você e Edna agora"! Era difícil filho, eu sou pura emoção, sou canceriana, cuido dos que amo como se fosse mãe, independente da idade.
Você mamava feito um bezerro, e cada vez que chorava eu achava que estava sentindo falta de Edna, no dia seguinte fomos a uma Pediatra que foi mais que isso: Foi minha amiga, e psicóloga, disse que você tinha uma saúde perfeita, fez todos os testes de reflexos em você, eu chorei muito contando minha história pra ela (claro que ela já sabia de tudo, cidade pequena) e finalmente   depois de muito conversar comigo, me tirou aquele peso, saí de lá com a mente quieta a espinha ereta e o coração tranquilo, nada como o poder da palavra filho, nada surte mais efeito do que a palavra certa no momento certo...

Primeira foto de você em casa.


1 comentários:

Ale Valentim disse...

Prima, vc eh muito corajosa, te admiro muito por contar sua historia, o Santiago eh muito amado por todos que o conhecem!
Um grande abraco
Ale