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9 de jan. de 2011

O Preconceito...

Atendendo a um pedido de Maria Helena, posto aqui um comentário que fiz no Blog de Carol, e também dando continuidade a "Santhiguice",  no episódio de quando ele furou a orelha.

Santhiago sempre foi vitima, não sei se a palavra é Bullying ou preconceito, e já recebeu "apelidos" que ele na sua inocência nem sabe ainda o significado.
Ele nunca foi uma criança certinha que tivesse o cabelo curtinho para mostrar que é "homem" né? Desde pequeno teve cabelo comprido, primeiro porque eu e o Beto gostavámos, depois ele mesmo gostava, isso já me fez mudá-lo de escola, falar com diretores, qualquer coisa que acontecesse eu já percebia na hora pela fisionomia dele, sofremos muito com isso, mas Santhiago tem personalidade forte...
Enfim, na última semana de aula do ano passado, eis que ele me surpreende com a idéia de furar a orelha, idéia amadurecida. Furamos em um sábado, na segunda lá pela volta das 10hs da manhã a Diretora me liga e diz que ele brigou com o amiguinho mas que estava tudo bem, que eu não me preocupasse...(mesmo estranhando porque Santhiago não é de briga, fiquei tranquila, ela me garantiu, estava tudo bem).
Quando ele chega da Escola, vejo meu filho todo arranhado com cortes grandes de unhas pelo pescoço e rosto, os olhinhos quase que totalmente fechados de tão inchados, e na agenda a professora escreveu:
SANTHIAGO HOJE SE ENVOLVEU EM UMA BRIGA NO BANHEIRO COM TRÊS CRIANÇAS, ELE SENDO O MENOR LEVOU A PIOR.
Eu pensei: Meu filho se envolver em briga? não é possível, ele não sabe nem revidar (Educamos assim e me arrependo por isso, meu filho não sabe revidar)
No dia seguinte tirei fotos em todos os ângulos das escoriações, faltei ao trabalho e  logo em seguida recebo uma ligação da Diretora da Escola, e eu lhe disse tudo o que estava engasgado, (me arrependo, porque educaçao e respeito ao próximo se ensina desde o nascimento, vem de berço). Fiz o exame de corpo de delito, e ele continuará lá mesmo, agora a Escola inteira sabendo que ninguém mais vai encostar um dedo no meu filho, ele apanhou de três crianças de nove anos dentro de um banheiro na Escola porque usa brinco e tem cabelo comprido, nesse País que vivemos masculinidade e caráter se mede pelo tamanho do cabelo, pelo furo na orelha etc.
A Diretora disse que ia conversar com os pais das crianças, eu nem tenho interesse em saber quem são, meu filho foi espancado dentro de um banheiro de Escola, por três crianças quase dois anos mais velhas que ele, e estava totalmente indefeso, Santhiago é um ano adiantado na Escola, já vai para a terceira série com sete anos, portanto é o menor da classe, e isso sempre me preocupou.
A Escola deveria assinar um termo de responsabilidade garantindo a preservação e a integridade física do meu filho, (mas carimbou a agenda onde eu exigia respeito com meu filho), me pediu para não dar continuidade a aquela história. (por enquanto deixo assim), porque ele me pediu para não fazer nada, mesmo não sabendo o que eu pretendia fazer, achou que os coleguinhas iam ser presos, são vítimas dos pais, são tão vítimas quanto ele.
A imprudência foi da Escola, são crianças pequenas, precisam de acompanhamento, a maioria são criadas dentro da mais "fina flor" do preconceito, dentro de agressividade, e são agressivos por natureza.
Como só faltavam dois dias para acabarem as aulas, o Santhiago não foi nos últimos dias, mas EXIGI da Escola, uma reunião com pais e mestres logo no início das aulas, eu quero falar sobre isso, quero ouvir a opinão das pessoas, quero conhecer os pais.
Eu penso muito diferente da maioria, sou uma louca no mundo dos normais. Santhiago é filho de Sônia e de Beto (mesmo tendo só Sônia para ser Sônia e Beto), e sendo filho desse casal, poderá se vestir e usar o cabelo da maneira que quizer, desde que não esteja ofendendo a moral e a integridade de ninguém.
Eles que se adequem ao "diferente".
Santhiago é um ser maravilhoso, tão carinhoso, tão inteligente, ele diz assim pros irmãos de quatro patas:
VEM AQUI SENTIR O AMOR DO SANTHIAGO.
Bullying, é uma mistura de (Pré)conceitos juntos e misturados, mas infelizmente respeito, educação, amor se aprende em casa, e isso é privilégios para poucos...
Detalhe: Eu corto as unhas do Santhiago duas vezes por semana...

Foto de um dia depois, porque no dia minha única preocupação era levá-lo ao médico.

13 comentários:

lolipop disse...

Soninha...
Fiquei aqui lendo entre o espanto e a indignação...julguei que o Brasil fosse bem mais aberto com relação a nuances de aspecto exterior.
Vc agiu muito bem, em tudo o que fez...
Preconceito é uma coisa odiosa que se passa em casa, e que pela vida fora leva a julgamentos, segregação, condenações antecipadas e injustas. Até na blogosfera elas existem...
A Maria Helena estava certa quando lhe pediu que publicasse esse texto...
Uma lição para muitos, um alerta para todos...
Carinhos
PS Recebeu meu mail?

Néia disse...

Oi Sonia...
É para se indignar, mas esta é a sociedade que vivemos que dita regras e na medida do possível nos mantém presos a elas.Como vc mesmo disse, muitas vezes as crianças repetem apenas comportamentos vivenciados em casa, sem se dar conta do erro.Trabalho com Educação infantil e já tive crianças de três anos que se recusava brincar com a outra colega que era negra. É um trabalho diário com crianças e principalmente famílias. Você está correta,o seu filho precisa se sentir bem, assim, se o cabelo e o brinco lhe faz feliz, qual o problema...Mesmo presos, precisamos mostrar que a grande beleza da vida está justamente nas diferenças, que acabam no final humanizando e tornando todos iguais. Tenho uma filha especial, assim sei desta história de trás pra frente. Mas tenho fé que um dia e com o nosso grito essa sociedade se torne menos preconceituosa.Sorte do Santhiago ter você como mãe e o Beto como pai e mesmo não estando mais por perto será para ele referência para o resto da vida.Só para constar o brinco mesmo escondidinho tá um charme.
Beijos e bom início de semana para vc e seu filhote lindo...

Glorinha L de Lion disse...

Sonia, acho que agiu muito bem e de maneira corajosa...a escola é responsável por suas crianças enquanto elas estão lá. Tomara que por causa desse caso tenha vindo à tona a questão da violência e do preconceito. Se não veio, acho que vc deveria pedir uma reunião de todos os pais da escola com a direção para falarem sobre o assunto. Triste isso, viu? Beijos,

Maria Helena disse...

Minha querida amiga, a emoção tomou conta de mim ao visualizar as marcas que ficaram em Santhiago.Marcas que são muito mais emocionais do que físicas! Fiquei sem palavras diante da cena! Estou com um grito interno que me incomoda bastante! É uma tristeza tão grande em saber que essa realidade está presente em cada segundo do nosso cotidiano. Seja de uma forma ostensiva ou de uma forma velada.
Soninha, está doendo em mim! Não consigo mais dizer palavras. Sinta apenas meu abraço bem apertadinho em você e em Santhiago com a mensagem: estou aqui! Pode contar comigo!
Durmam bem, viu?
Amo vocês!

Faa Cintra disse...

Estou muito indignada com o mundo dessa maneira. Eu posso dizer que sei realmente o que seu filho está passando. Mas educação é tudo e o fato de você como mãe e pai se importar já é uma grande coisa, pois existem muitos pais que além de não darem educação não se importam com a violência que os filhos sofrem...

Ângela disse...

Parabéns Soninha, por sua atitude, e por educar Santhiago de forma a nem saber o que são preconceitos. Os diferentes fazem diferença, os normais são pobres e tolos. Espero que isso não tenha deixado marcas significativas em Santhiago, não em seu rosto mas em sua mente que tal como você com certeza é nobre.
Boa semana querida. beijo pra você e Santhiago

Blog da Fofa disse...

Soninha!! Que pecado! Que absurdo isso. Crianças de apenas 9 anos cometendo uma violência dessas. Concordo com vc q a culpa é dos pais.
E uma questão de educação e princípios. Um bjo minha linda. Te amo viu?

Regina Laura disse...

Sônia, você nem imagina como me tocou seu relato!
Sei exatamente o que vc está sentindo pois já passei por isso com meu filho, que também é um ser que já nasceu cheio de amor, de respeito ao próximo, não sabe brigar, não quer brigar!!
Até hoje, aos 14 anos, ele tem horror de lembrar de uma das escolas em que estudou. Sofria muito bullying. Mas eu não quis mudá-lo de escola, pois achava que ele tinha que aprender a lidar com essas situações. Graças a Deus a escola fechou e hoje, onde ele estuda, a coisa é totalmente diferente. Vejo meu filho feliz. A escola tem mais estrutura, mais controle sobre as situações, com profissionais muito mais preparados. Só para vc imaginar, ele tinha horror de educação física, de tão ridicularizado que era. Hoje, nessa outra escola, educação física é a aula que ele mais gosta.
Se for o caso, não titubeie em mudá-lo de escola. Sei que agressividade e intolerância existem em todas as partes, mas existem escolas que conseguem manter uma proximidade e um diálogo maior com pais e alunos, realmente contribuindo para a formação deles.
Deixe seu coração te guiar.
Um abraço bem forte em vc e um beijo super carinhoso no Santhiago.

Beth/Lilás disse...

Sonia,
Li e fiquei engasgada com tamanho preconceito, ainda por cima em um país como o nosso, tão permissivo para algumas coisas e imbecil para outras tão simples.
Ainda bem que você tomou a posição de leoa, fotografou e já tomou suas providências.
Espero que seu filho não fique mais machucado na alma do que ficou fisicamente, mas que essa história absurda seja resolvida pela escola e todos como uma forma de se chamar atenção para a ignorância humana e que há formas de se barrar isto.
um grande abraço carioca

DANILO CHAPADA disse...

Fico imaginando a dor de uma mãe ao ver o seu filho sofrendo preconceitos simplismente por ter cabelo grande e usar brinco. Nossa, isso existe mesmo? Chego a me assustar, mas sei que é uma realidade em todo o Brasil. Não podemos deixar que o silêncio dos inocentes seja maior que o grito da ignorância. Dou total apoio a vc Sônia. Que tenha forças para fazer o que deve ser feito diante de uma situação de intolerância como essa.

Lúcia Soares disse...

Sônia, só posso chorar.
Por Santhiago.
Pelos elementos que o maltrataram, pobres coitados, o que será deles na vida? Que educação estão tendo, que agridem uma criança, seja por qual motivo for?
Onde estão esse pais, que não a procuraram espontaneamente para se desculparem pelos filhos?
Jamais permitiria que um filho meu agredisse alguém e ficasse por isso mesmo. Eu o puniria severamente. Para que nunca mais repetisse o gesto.
Santhiago é um menino abençoado, ainda queria livrar os meninos de algum castigo! Glória a Deus por isso, Sônia.
Desde o primeiro dia em que vi a foto dele, "encarapitado" no ombro do pai, me perdi de amores. Os cachinhos me confundiram, a carinha marota, o sorriso gostoso, me encantaram.
Cuida bem do seu amor.
Beijo!

Anônimo disse...

Acho que mudar a criança de escola não resolve o caso; tem é de disciplinar os agressores, porque pau que nasce torto, quando novo, se coloca uma estaca e endireita! Se deixar crianças agindo de forma agressiva com colegas, mais tarde, essas pessoas serão adultos violentos e inconscientes das suas responsabilidades como cidadãos! Uma dessas responsabilidades é o respeito porque o corpo se deteriora, morre e vai virar caveira sendo o corpo de quem usa brinco, cabelo comprido, saia como no caso dos escoceses, de quem é negro, branco, deficiente físico, mental ou de caráter como no caso de quem não aprende a política da boa vizinhança em casa ou na escola, e até de uma pessoa sem supostas máculas físicas ou mentais! Então, se todos somos iguais no resultado final exteriormente, cuidemos do nosso interior e isso, claro, significa aceitar as pessoas como elas são, desde que, como disse você, não prejudiquem outras pessoas!

Força e continue lutando por um mundo mais regrado!
André.

Nina disse...

Que horror Soninha, que horror, meu Deus! E ele ainda pede pro médico nao fazer nada contra os meninos, Deus!

V nao tem que se sentir mal por ter colocado pra fora o que sentia, isso nao é questao de educacao, mas de nao se calar diante de tamanha crueldade e desrespeito, nao é pra sa calar nunca, Sonia.

Espero de coracao que essa marca saia da alminha do Santhi, sem deixar sequelas.