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19 de out. de 2010

O Retorno...

Em questão de dias a vida já estava totalmente organizada: Seu pai no Cidade Oculta e nas Feiras de Arte, eu retomei minhas aulas de artesanato em algumas lojas do ramo aqui de SP, foi nesta data também que consegui realizar meu sonho no ramo do artesanato: Ser reconhecida pelo meu trabalho e finalmente conseguir dois patrocinadores.
Aparentemente tudo normal, exceto pelos meus contatos com sua avó e com o Juíz lá da Bahia (era um segredo que eu guardava a sete chaves, seu pai não sabia) foi nessa ocasião que eu comecei a fazer o enxoval, eu comprava muita roupinha rosa (como se pudessemos escolher o sexo de um filho), mas no fundo era porque seu pai sempre se identificou mais com meninas (talvéz por ter tido irmãs bem mais novas, e ter cuidado igual pai).

Diálogo com mais  ou menos uns três meses que eu tinha chegado da Bahia:
Beto - Sônia, você tem alguma coisa pra me falar?
Eu    -  Porque você está me perguntando isso?
Beto  - Aí minha Nossa Senhora Aparecida, me ajuda! (disse isso torcendo com os dois dedos indicadores a barra da camiseta, ele fazia isso sempre que estava  com vergonha ou nervoso)
Eu    -  Fala Zé, está querendo saber exatamente o que hein???
Beto -  SONIA, VOCÊ TEM ALGUMA COISA PRA ME FALAR??(alterado)
Eu    -   O que você quer saber exatamente hein? JOSE ROBERTO?? (fingindo que estava nervosa)
Beto  -  Vou dar a real:  É que outro dia você chegou da lapa, e eu vi uma monte de sacolas de lojinhas de bebê, eu olhei  vi um monte de roupinhas cor-de-rosa, de quem são aquelas roupinhas?
Eu      -  Já te disse que não gosto que mexam nas minhas coisas, não faço isso com as suas, mas vou te dizer: São pra nossa filha, nós vamos ser pais, só que eu ainda não sei quando vai nascer, nós vamos adotar uma criança. (não gosto dessa palavra)
Ele     -  Se Liga Sônia, adoção nesse País é só pra pessoas ricas, nós somos trabalhadores informais esqueceu?
Explicada toda a situação pra seu pai (nós nunca tinhámos falado sobre adoção, e confesso que eu tinha medo da reação dele), agora vinha a parte mais difícli:  Aguentar a ansiedade do seu pai a espera de alguém que não se sabia exatamente quando vinha e SE vinha. (estávamos falando da doação de um ser-humano)

Um Domingo pela manhã:
Vovó -  Filha, o Juíz quer falar contigo urgente.
Eu      - Que foi Dr??
Ele      - Notícia boa moça bonita (era assim que ele me chamava) tem uma mulher aqui que já tem 5 filhos, está grávida de 7 meses, é uma menina moça ela vai dar pra adoção consensual, já conversei com ela, diz que se lembra de você, e está muito feliz que você seja a mãe da filha dela, só que a mulher está numa situação de dar dó, ficou na roça esse tempo todo, e a gravidez está sem cuidado nenhum, a mulher só come feijão com osso, porque não tem outra coisa, posso pedir pra sua mãe comprar as vitaminas que o médico receitou?
Eu     -  Eu mesma compro pessoalmente Dr. Só não vou amanhã porque preciso me preparar, mas estou chegando o mais rápido que eu puder, segura a mulher Dr. (no dia seguinte ele trouxe a mulher pra falar comigo por telefone, e naquele momento eu e seu pai nos sentimos as pessoas mais felizes do mundo).
Dez dias depois: Eu me separando mais uma vez do seu pai, dessa vez em busca do maior projeto de nossas vidas...E fui de encontro ao ser que imaginei que seria a minha filha...

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