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15 de jan. de 2011

O Segundo Ano...

Eu e seu pai sempre nos amamos muito filho, seu pai sempre foi muito zeloso comigo, dizia que eu era atrapalhada demais, que eu não sabia andar e carregar uma mochila ao mesmo tempo, por isso sempre se oferecia pra ir a todos os lugares comigo (mas sempre soube respeitar quando eu dizia não), e isso me fez ficar totalmente depende dele, eu gostava de ter sua companhia pra tudo, não que eu não soubesse me virar sozinha, mas era um complemento mesmo, uma continuação de mim, senti-lo do meu lado me transmitia segurança, calma, paz. Seu pai foi o motorista mais prudente que eu já conheci, (as vezes até irritava) nunca tomou uma multa, nunca se envolveu em um desentendimento no trânsito.
Com a sua chegada, o nosso vínculo se fortaleceu mais ainda, nós vivíamos em função de ti, os horários de trabalho eram alternados entre nós dois, nós viviamos a vida de Santhiago, mas o seu amor era totalmente do seu pai, a situação era meio inversa: Sônia era a que estabelecia limites para Santhiago, Beto não sabia dizer não, nunca soube, e quando era questionado sobre isso dizia:"Tudo tem  o seu momento, na hora certa vou saber dizer não para o meu filho".
Você já tinha quase dois anos, era uma criança linda, chamava a  atenção por onde passava, inteligente, falava com desenvoltura, e dizia que seu pai era "O melhor seu amigo". Em uma das raras vezes que fomos só nós dois ao médico, estávamos dentro de um ônibus, de repente você se vira para um rapaz que estava sentado e diz: "Por onde você andava que eu nunca mais te vi? mas eu vou lá qualquer hora, pode esperar". Eu fiquei meio sem graça achando que você o estava confundindo com alguém, ele se levanta, te pega no colo e me diz que era monitor de um parque que você e seu pai frequentavam .
Seu pai sempre teve muita dificuldade em dizer "Eu te amo", mas dizia com atitudes, com gestos, com cuidado, a vida do Beto se resumia em lar, família, amor..Seu pai não sabia nem comer na rua,  nosso lar sempre foi sua Igreja, seu canto sagrado, era visível a emoção estampada em seus olhos cada vez que ele entrava aqui e se deparava com a "sua  vida", como ele mesmo falava: Você, eu, seus irmãos de quatro patas. - Talvéz por isso, nosso cantinho é tão sagrado pra mim também, e tudo está exatamente da maneira que era, nada foi mudado, nada foi trocado, eu nunca senti necessidade de mudar nada, me sinto bem assim. Por seu pai ter esse jeito, era considerado meio anti-social, um fato constante: Quase todos os domingos íamos almoçar na sua avó e seu pai fazia o prato e vinha comer aqui em casa...
Novamente a inquietude, dessa vez não de minha parte...Seu pai demonstrava sinais de cansaço, queria ir embora de São Paulo, queria um lugar mais tranquilo para que te desse a possibilidade de crescer sem grampos nem correntes, queria que você tivesse a liberdade de andar em ruas de terra, de correr, de brincar. Nessa ocasião íamos sempre para uma cidade perto daqui que se chama Paranapiacaba, aquele lugar era o sonho do Beto, lá tem uma estação de trem que não é mais usada, e um trem bem antigo ficou abandonado nos trilhos, tem uma ponte e a visão é linda porque a estação fica em baixo da ponte, é uma região serrana, fica parecendo que estamos no meio de um filme, casinhas de madeira, pessoas conversando até tarde nas calçadas, serração, natureza paz, liberdade... Isso já tinha se tornado uma idéia fixa, passávamos noites conversando analisando os prós e os contras, mas pra ele só existiam os prós, queria ir, já sabia exatamente o que ia ser montado por nós lá, eu tinha receio, Paranapiacaba é uma vila de Santo André (Cidade Metropolitana de SP).
Seu segundo aniversário foi lindo, apesar de você estar com uma virose, tinha febre, o presente do seu pai foi maravilhoso; Um Buzz Light Year, patrulheiro espacial do filme Toy Story  que diz: - Eu vim em paz! - Com um sorriso lindo no rosto.
 Me lembro da cena do seu pai chegando com aquele boneco, como se fosse há alguns minutos atrás, ele  adorava brinquedos, e a partir dai todas as noites dormiam os três: Você, o  Buzz Light Year no meio, e ele tentando se equilibrar na ponta da cama...

- Ontem, Santhiago estava brincando com os joguinhos na internet, e eu meio que cochilando, de repente quando abro os olhos o vejo vendo um vídeo  do Beto no You Tube, ele chorava um choro silencioso, lágrimas grossas, sem nenhum ruído, foi uma dor tão intensa...




11 comentários:

Lúcia Soares disse...

Sônia, primeiro: o blog está tão lindo! Gostei muito, muito!
Elaine se superou!
Quanto ao texto, lindo, como sempre. O relato de uma hist´´oria de amor é sempre comovente. Não pense que essa história acabou! Ela será eterna para seu menino e para você.
Beijos!

Blog da Fofa disse...

Oi Soninha linda. Cada vez que venho aqui sou tomada de forte emoção. Lindo post. O amor do Beto por você e pelo Santhiago fica bem evidente para a gente,não só nas fotos como nos seus textos. Sou sua fã. Bjos linda. Te amo

Maria Helena disse...

Querida amiga, um dia, que não está muito longe, eu vou ter o prazer de ler um livro editado cujo título será: A história de Santhiago.
Não tenho a menor dúvida disso.
É preciso espalhar aos quatro cantos do mundo uma história que, mais do que um encontro de amor ,transmite uma lição de superação.
Querida, seu dom é espalhar amor!
Te amoooooooo!!!!
Durma bem, viu?
Bjs!

Francisco Domingues disse...

Olá, Sônia!
Entro para conhecer seu blog - que achei comovente - e lhe desejar, apesar de tudo, um óptimo 2011 cheio dos possíveis sonhos realizados. Queria também deixar um pensamento talvez tolo, mas interessante para quem gosta de questionar o legado dos nossos antepassados. Talvez não lhe interesse, muito menos ao pequno Santhiago, mas andamos sempre a aprender, não é?
Acabámos de celebrar o Natal e... sabia que o Natal não existe? Curioso, não?
Pois: o Natal foi inventado pela Igreja para “cristianizar” as festas pagãs em honra dos deuses solares, Mitra e outros, que se celebravam, por todo o império romano, ao redor do solstício de Inverno, como início do renascimento para uma vida nova, a da Primavera. Teve o seu aparecimento no s. IV, na Igreja Ocidental (25 de Dezembro – calendário Gregoriano) e no s. V na Oriental (7 de Janeiro – calendário Juliano). A narrativa do nascimento de Jesus de Mateus, ampliada por Lucas (nada sendo referido nem em Marcos nem em João), uma e outra são puras invenções sem qualquer credibilidade histórica nem qualquer verosimilhança (No inverno, os pastores não dormem ao relento...) Portanto, o Menino Jesus do catecismo não existiu. Muito menos o Deus Menino! E o mundo inteiro festeja algo de inexistente... Dá que pensar, não dá? (Ver mais no meu blog “Em nome da Ciência” cujo acesso é: http://ohomemperdeuosseusmitos.blogspot.com)
Francisco Domingues
Apesar das catástrofes que vão acontecendo pelo mundo, com muita probabilidade provocadas pelas alterações climáticas e ambientais devidas à acção do Homem, o mesmo Homem, através dos seus governos subjugados aos interesses económico-financeiros de alguns (5% da população mundial, isto é, os que detêm 95% da riqueza produzida à face da Terra), não vão pôr-lhe cobro preferirá assistir a novas catástrofes em que, como de costume, os mais fracos e pobres são os que irão continuar a sofrer. Inutilmente! Há que lutar para mudar estes sistemas e estes modelos não só políticos mas também económico-financeiros. Como? – Ver no meu blog “Ideias-Novas” cujo acesso é: http://ummundolideradopormulheres.blogspot.com

lolipop disse...

Soninha...
Me desculpa, já não passava aqui faz tempo, nem tinha visto suas mudanças no blogue. Tá lindo!
E a Maria Helena tem razão, um dia vc vai fazer seu livro, porque essa história é linda demais pra ficar por aqui.
Essa cidadezinha com casinhas de madeira deve ser o paraíso...
Beijos doces amiga
E como foi da tatuagem?

Francisco Domingues disse...

Olá, Sônia!
Passo apenas para lhe agradecer o ter-se tornado seguidora de meus blogs. Escrevo às segundas-feiras. Espero não a desiludir. Gostaria de a ver por lá, discutindo, questionando. Terei muito gosto em responder-lhe.
Francisco Domingues

Faa Cintra disse...

Sônia minha querida!!! A cada dia gosto mais e mais de passar por aqui, ler uma hostoria linda que me faz olhar a vida de outro jeito...
Esses dias estive pensando muito...
E Paulinho? Tem visto?

Beijos

Nilce disse...

Oi Sônia

Ficou muito lindo o blogue. Parabéns a você e a Elaine, é claro.

A cada leitura fico mais emocionada.
Sabe, esses dias li muitas postagens antigas e todas são muito lindas.

Bjs no coração!

Nilce

PS: Já foi ver os presentes da Blogagem de amanhã?

silvioafonso disse...

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Gostei muito do que li e vi aqui
e para comprovar resolvi seguir
seu blog. Eu ficaria encantado
se você, pudesse, seguir o meu.

silvioafonso





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Beth/Lilás disse...

Ai, Sonia, como chorei lendo seu relato!
Nem sei o que dizer, senti na pele tudo isso.
um abraço apertado