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3 de dez. de 2010

A Chegada....

O dia de nossa chegada foi uma festa:
Os amigos do seu pai vieram todos, e ele repetia o tempo todo: "SANTHIAGO, EU SOU SEU PAI".
parece que ele queria convencer a si próprio, tamanha era a felicidade,e  ali comecou a transformação em todos os sentidos filho: Por exemplo: eu tenho pouquissimas fotos com seu pai antes de você, porque ele não gostava muito de tirar fotos, mas depois de ti? Aí a coisa mudou (graças a Deus).
A noite, ficamos a sós, e ele chorou muito, como um grito de desabafo, onde ele expulsava todo o medo, a angústia, a espera, a incerteza de tê-lo, e disse que era o homem mais feliz do mundo pois tinha tudo o que queria, tudo que era necessário para um homem ser feliz.
E foi nessa noite que você me separou do seu pai sabe porque? Ele disse que não ia colocar você pra dormir no seu cantinho, que queria dormir contigo, que vocês precisavam ficar juntos, e assim foi por cinco anos, seu pai NUNCA dormiu uma noite sem você, e sempre que podia fazia questão de cuidar de tudo, ele era mãe e pai, teve muitos momentos que eu me sentia meio excluida, parece que eu era mera coadjuvante de tanto que ele se sabia se virar sozinho, pra ele aquilo era o melhor trabalho do mundo, adorava dar mamadeira, trocar suas fraldas, dar banho sempre no chuveirinho com você dentro da pia do banheiro, era assim que seu pai te dava banho.
Decidimos que você iria conviver desde o primeiro momento com nossos outros filhos de quatro patas, nunca compartilhamos da idéia que bebês tem que viver numa redoma de vidro, os gatos adoravam deitar pertinho de ti, fomos muito criticados pela maioria, mas nunca nos importamos com opiniões alheias, e esse lar tão vazio hoje se tornou o lar mais iluminado do mundo.
Seu pai te levava pra tomar todas as vacinas (eu não tinha coragem) ele tinha uma característica muito peculiar: Geralmente carregamos bebês com a barriguinha apoiada na nossa própria barriga, seu pai te carregava com a carinha pra cima, e eu gostava de me esconder pra olhar quando ele andava na rua contigo, ele parava pra ficar olhando pra você.
Passamos por uma situação difícil: Houve uma ocasião que você não aceitava nenhum tipo de leite, testamos todos, parece que o gosto de nenhum te agradava, acho que nessa ocasião passamos por metade dos pediatras de São Paulo, mas eu descobri uma maneira de te dar a mamadeira, quando você dormia era mais fácil, então revesavamos a noite, a cada duas horas um de nós dois acordava  para te alimentar, fou um periódo de muito sofrimento, nos sentiámos muito impotentes, não foi fácil, mas passou.
E o banho de sol? era sagrado: 10hs da manhã em todas as manhãs ensolaradas lá estava seu pai...
Uma pessoa totalmente feliz, que escolhia até as toquinhas que você usava, era o sentido da vida...




2 comentários:

Maria Helena disse...

Olá, minha querida!
Estou banhada de emoção acompanhando os capítulos imperdíveis de uma linda hstória de amor incondicional.
Que fotos emocionais você tira com as lentes da sua emoção.
Transmutar a dor em poesia é uma das formas mais puras de expressão de uma alma.
Não tenho dúvidas de que a cada momento que você escreve, com as tintas dos seus sentimentos puros, o universo ganha uma luz diferenciada que reluz com mais nitidez.
Obrigada por me permitir chegar até você. Acho que sua luz, através do Leonardo que acessou o meu blog, me chamou.
E agora, não quero deixar de acompanhar e imaginar as cenas passadas nessa histórias e as cenas que ainda estão por vir.
Um abração!

Néia disse...

Oi Sonia...
vou te dizer uma coisa que vai parecer loucura, mas vou dizer...
Em 95 fiquei grávida e desde que fiquei sabendo da gravidez algo me dizia que aquele filho não seria meu. Chorei muito e escutava o tempo todo a música da Legião Urbana " Os bons morrem jovens" O meu bebê era enorme, nasceu com quase 5 kilos, assim a única hora em que ele ficava quieto na minha barriga, era quando eu deitava e escutava esta música, que na realidade eu nem gostava tanto. Mas eu sabia...Ele nasceu e eu na hora do parto o beijei muito dei o peito e em oito dias ele morreu.
Talvez o Beto também de uma forma ou de outra, mesmo que incosciente soubesse que teria pouco tempo com o filho, assim ele curtiu o quanto foi possível. Parece loucura, mas tenho todas estas sensações descritas e tudo foi como tinha que ser.
Caso queira pode remover após ler...
Sempre digo para as minhas mães da escola-
" Amor demais nunca vai fazer mal"
Beijos e você me faz chorar sempre