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21 de out. de 2010

Georgia...

Segui viagem de ônibus, pois não havia a menor possibilidade de embarcar de outra forma devido a quantidade absurda de coisas que tinha no enxoval cor-de-rosa (risos), em um determinado ponto da estrada ligo para o seu pai, ele me pede  calma e diz que a nossa filha (Georgia, nome escolhido por seu pai) tinha nascido prematura devido ao fatos já relatados anteriomente, mas que estava tudo bem, e que ela estava em perfeita condições de saúde.

Ansiedade, choro e o desespero por saber que eu amargaria sozinha mais 24hs dentro de um ônibus, em pleno calor de janeiro, eu tentava me distrair lendo, mas não tinha a menor capacidade de absorção, e cada parada corria ao telefone para falar com pessoas da Bahia e com seu pai (celular nessas alturas, já não dava nem sinal).

Finalmente chego. Georgia estava em outra cidade, pois precisava de cuidados, uma semana se passou e ela finalmente teve permissão pra ir pra casa, quanta alegria filho por parte de todos, pareciam que todos naquela cidade minúscula que eu nasci, estavam engajados nessa luta junto comigo e com seu pai, e eu finalmente fui apresentada a minha filha...

Tão linda filho, minúscula, pesava menos de 2kg, mas tinha os olhinhos vivos e bem pretinhos, os cabelinhos já davam sinais que ia ser no futuro (já grudando no juízo, risos), o Juíz me autoriza a levar Georgia, naquele momento foi que me bateu a real: Como que eu ia cuidar de uma criança, se eu nem sabia trocar uma fralda? não tinha a menor habilidade? , e isso me apavorou filho. Mas como Deus é pai e nunca desampara, O prefeito da cidade disponibilizou uma enfermeira de sua Clínica para ficar comigo em casa até quando eu viesse embora( ele também é médico) e sua avó arrumou uma pessoa para amamentar Georgia nos primeiros dias (pois ela precisava ao menos do colostro, já que era prematura)  me auxiliar nas minhas inseguranças e anseios de mãe de primeira viagem.

Uma festa na casa de sua avó (tinha tanta gente, todos os meus amigos estavam lá) e eu era a pessoa mais feliz do mundo, em dois dias eu já era a super-mãe, já sabia de tudo.

Ficamos juntas 5 dias, até que o Obstetra que fez o parto dela e O Juíz, chegam em minha casa e pedem para eu devolver a Georgia pra mãe biológica, que a ética médica não os permitiam me darem maiores detalhes, mas que seria melhor pra mim e que eu confiasse neles, que aquela criança não era pra mim, que eles iriam se empenhar em me dar uma criança saudável...

Lágrimas e desespero, eu juntei todas as coisinhas que ela tinha usado (quase todo o enxoval, fraldas e todas as latas de leite) e sigo uma viagem de 70km em plena estrada ocidentada, barro pedras e buracos, (meus amigos todos junto comigo) e a devolvo, mesmo sem entender nada já que era uma adoção consensual...(não entrei na casa, devolvo primeiramente a mala e depois a Georgia, saio sem olhar pra tráz, e nunca mais eu veria aquela menininha)... Até hoje eu não sei que doença a Gerogia tinha ( algo que foi descoberto após ter saído o resultado do teste do pezinho), mas ela se foi logo depois. Eu rezei pedi forças pra Deus e pensei: - "Vim aqui com um objetivo, e fiz um desafio pra Deus"...

E foi aí que começou a minha peregrinação, a história de Santhiago estava apenas começando...
PS - Todos os dias era seu pai que me acordava ao telefone,e colocava essa música (acho que pra me dar forças)...

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